O FILHO DO INSPETOR
(Medeiros; Albuquerque)
O Raposinho, era a mais meiga das criaturas e era amada por todos. Por todos não,quase todos. Havia um grupo pequeno que o detestava: a escória do colégio. Um deles principalmente, o Fuinha, assim chamado, sempre estava aprontando alguma. Mas, a dedicaçãodo Inspetor para com o filho era assombroso. Chegava a privar-se de falar com o filho a semana inteira só para não o acusarem de espião de seus colegas. Dava-lhe apenas de manhã e à noite sua benção e um beijo bem claramente, à vista de todos. Quando um fato ocorria digno de castigo e não se conhecia o autor, ele punia o grupo mais próximo incluindo sempreseu filho e praticava isso conscientemente, com os olhos cheios d'agua, só para não o acusarem de proteger o menino. Certa vez, na sala de aula, alguém no meio do silencio pisou em um fósforo de estalo. O Inspetor perguntou quem fôra, ninguém se acusou. Então o Fuinha levantou-se e cinicamente disse: Eu sei quem foi... foi o Raposinho. Era a mais evidente das falsidades: o estalo partira de outro lado da sala. Mais o velho teve apenas um momento de hesitação. Voltou, para o filho,com os olhos tristes e o colocou de castigo. Toda a classe ficou revoltada. O 63 um bom amigo do Raposinho olhou para o Fuinha e disse-lhe: " Tu me pagas!" , levantou-se e disse: - É mentira, fui eu quem fez o barulho. Todos nós sabíamos que ele se acusava em falso, indignado com a safadeza do Fuinha. Mas o Raposinho que já estava indo pro castigo vendo a generosidade do amigo, disse: -Não senhor, fui eu mesmo. O inspetor ficou perplexo,como saber qual dos tres era o verdadeiro culpado. Toda a sala queria saber o que decidira. O Inspetor voltou-se para o filho: - Só uma pessoa pode ter feito o mal. Deve ter sido o senhor, porque além de se acusar, foi visto pelo seu colega que o denunciou... Vá para o castigo! Nós tremíamos de raiva do Fuinha. Minutos depois tocou a campainha do recreio. Assim que chegamos no pátio mal o Inspetor deu a ordem de debandar ouvia-se um formidável sopapo que o 63 aplicava na bochecha do Fuinha e todos, com a fúria em que estávamos, caímos-lhe em cima aos socos e pontapés.. O diretor vindo a saber do fato fingindo-se embora zangado, deu-nos um simulacro de punição.
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