Revolução de Avis
(Jessé Chahad)
Com a morte de D.Fernando de Portugal, se coloca em prática o tratado de Salvaterras de Magos, que delegava a regência do trono a sua esposa D. Leonor Telles, a qual deveria casar sua filha, D.Beatriz, com o herdeiro de Castela, unindo assim os dois reinos a partir do nascimento de um filho homem. Assim sendo, inicia-se a crise de sucessão que resultou em profundas mudanças no reino.
O povo, insatisfeito, condenava o romance proibido de D.Leonor com o Conde de Andeiro;esse fato fomentou uma série de contestações e tumultos, e a insatisfação se estendeu inclusive a certa parte da nobreza e de toda a chamada burguesia mercantil, que não aprovavam a união dos reinos. Essa insatisfação foi também partilhada pelo chefe da Casa de Avis. Em Dezembro de 1383, com o assassinato do Conde de Andeiro, o Mestre de Avis se dá o golpe que proclamaria este Regedor e Defensor de Portugal, encerrando assim a regência de D.Leonor Telles.
O período chamado de interregno é o período em que não há rei ou autoridade governativa no estado, foi o período de incursões de D.João de Castela, o legítimo Rei contra Portugal, e da resistência liderada pelo Mestre de Avis, que a partir de uma série de vitórias, foi fortificando o seu compromisso com o povo português, e ganhando apoio cada vez maior de parte da fidalguia que antes pretendia ao trono o filho de D.Pedro com Inês de Castro, e da burguesia formada por comerciantes, e profissionais liberais que almejavam maior participação política nas administrações locais. O Mestre da Avis, com apoio também dos populares, agora só precisaria de uma eleição nas cortes de Coimbra para assumir o trono português.
A alta nobreza apoiava um sucessor Castelano, pois temia a perda de seus privilégios com a quebra da dinastia e do tratado de Salvaterras e ainda apontava a possível eleição do filho de D.Pedro com Inês de Castro, o infante D.Diniz. A chamada baixa nobreza, abraçada à idéia de possível ascensão nobilitaria e aquisição de terras, defendia seus interesses apoiando o Mestre de Avis, em uma manobra estratégica, pois este já tinha o apoio das camadas populares e da burguesia mercantil que estava muito interessada em alcançar benefícios em forma de cargos políticos, ou leis que pudessem favorecer os seus negócios. Entrava em choque uma política de fixação, contra uma política de transportes.
João das Regras, jurista integrante da baixa nobreza, foi decisivo em seu discurso na corte, ilegitimando os outros possíveis herdeiros do trono, e após trinta dias de debates, o parlamento pressionado pelo povo e pelo herói de guerra, o condestável Nuno Álvares, elege por unanimidade o Mestre de Avis, iniciando assim uma nova dinastia.
Após sua subida ao trono, D.João I, ao lado do condestável Nuno Álvares ainda enfrentariam em uma ultima batalha o Rei de Castela, e a vitória na chamada Batalha de Aljubarrota, ficou marcada como uma das mais importantes na consolidação do que viria a ser um estado português.
A revolução de Avis não pode ser classificada como estritamente popular ou burguesa, e sim como uma mescla de interesses de ambas comunidades com o apoio de uma baixa nobreza sedenta por privilégios, terras e títulos. A revolução pode ter fundamentado as bases de um sentimento patriótico, mas com a presença de três classes distintas, buscando seus interesses, e procurando legitima-los nas cortes.
A burguesia foi quem mais se beneficiou com a revolução, pois agora participava dos conselhos municipais fazia parte do estado e procurava se equiparar aos nobres, política e juridicamente.A nobreza agora ameaçada tentava conter os avanços da burguesia no campo, fato que dirigiu os esforços da burguesia para seus avanços comerciais, que chegaria às navegações continentais em busca de mercados e produtos.
A revolução tem como resultado a centralização do poder, pois sob o governo de D.João, o estado dominou o clero, fomentou ao povo idéias nacionalistas baseado em feitos bélicos e apoiou a burguesia mercantil, que chegaria ao seu auge com as empresas ultramarinas.
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