Contos
(.Machado de Assis)
Contos
A
Cartomante Narra a história de Camilo, Vilela e Rita. Os dois primeiros
eram melhores amigos; a segunda era esposa do segundo e amante do
primeiro. Quando Camilo começa receber denúncias anônimas, diminui a
freqüência das visitas ao amigo. Preocupada, Rita visita uma
cartomante, fato que faz Camilo rir. Quando Vilela chama Camilo a sua
casa ele vai preocupado, e passa antes na cartomante pensando que não
tem nada a perder. Ela lhe assegura que nada vai dar errado e ele chega
despreocupado a casa de Vilela, onde encontra Rita morta. Vilela então
o mata. A Causa Secreta Fala de dois homens que, após um salvar a vida
do outro e passar-se algum tempo, tornam-se sócios. Mas pouco a pouco
um deles vai demonstrando tendências sádicas, torturando animais, fato
que atordoa a esposa.
Quando ela morre, Fortunato, o
sádico, presencia o amigo beijar a testa da mulher e derreter-se em
choro, saboreando o momento de dor do amigo que lhe traía. A Igreja do
Diabo É uma nova idéia do diabo: fundar uma Igreja e organizar seu
rebanho, tal qual Deus. Após comunicar Deus de seu futuro ato, vai à
Terra e funda com muito sucesso uma Igreja que idolatra os defeitos
humanos. Mas aos poucos os homens vão secretamente exercitando
virtudes, Furioso, o Diabo vai falar com Deus, que lhe aponta que
aquilo faz parte da eterna contradição humana. Anedota Pecuniária É uma
pequena crítica a ganância. Nela um homem "vende" suas sobrinhas aos
homens que as amam por causa de sua fascinação com o dinheiro.
A Sereníssima República É uma crítica
ao processo eleitoral, feito como um discurso de um cônego que afirma
ter achado uma espécie de aranha que fala e criado uma sociedade delas,
uma república chamada Sereníssima República. Ele escolhe como sistema
de eleição um baseado no da República de Veneza, onde retirava-se bolas
de um saco com o nome dos eleitos. Este sistema vai sendo fraudado
pelas aranhas, corrigindo-se, adaptando-se e variando-se diversas vezes
e de diversos modos, eternamente corrupto. Capítulo dos Chapéus É um
conto onde aparece a frivolidade e ostentação da época de Machado.
Mariana, após pedir ao marido que troque o seu simples chapéu,
testemunha a sociedade (na famosa rua do Ouvidor) e acaba pedindo que
ele permaneça com seu chapéu. D. Paula Conta sobre um casal que realiza
uma separação temporária por ciúmes, com fundos, do marido. O caso é
mediado pela tia da esposa, Dona Paula, que quando descobre quem é o
outro, fica abalada.
É o filho do homem com quem teve caso
análogo, fato que deixa seus sentimentos bem abalados em relação ao
caso. Fulano Beltrão é um homem que vai aos poucos se tornando mais um
homem público que privado após receber elogios públicos e acaba
deixando seu dinheiro para a posteridade e não a família. O Espelho
Conta sobre um homem falando de sua opinião sobre a alma humana num
grupo de amigos que realizam discussões metafísicas. Ele descreve uma
situação de sua juventude onde, após ter sido engrandecido pelo
recém-conquistado posto de alferes, encontra-se sozinho. Solitário,
passa a ter medo até a que um dia veste-se com seu uniforme de alferes
e encara o espelho, encontrando assim o outro lado de sua alma (sua
opinião é que temos duas almas, uma externa que nos vigia e a nossa que
vigia o exterior). Isso retira-o da solidão. Portanto, este conto
envidencia o conflito entre a essência (a alma interior) e a aparência
(alma exterior). Teoria do Medalhão É um pai aconselhando um filho no
dia de seus 21 anos.
Ele lhe diz que um futuro lhe espera,
que pode ter várias carreiras diferentes, mas que devia ter uma de
resguardo, preferencialmente a de medalhão. Para isto devia ter
pouquíssimo conhecimento, originalidade, ironia, gosto ou qualquer
idéia própria. E nisso disserta sobre a necessidade do filho de sempre
manter-se neutro, usar e abusar de palavras sem sentido, conhecer
pouco, ter vocabulário limitado, etc. Ao final, é uma bela ironia
machadiana sobre como encontram-se os valores da sociedade de sua
época. O Enfermeiro Conta sobre um homem que, a beira da morte, conta
um caso de seu passado. Ele foi em 1860 ser enfermeiro de um velho e
mau coronel, que acaba esganando alguns dias antes de partir por não
mais o suportar. Quando abre-se o testamento ele é declarado herdeiro
universal e distribui lentamente o dinheiro em esmolas. Enquanto isto
se passa, vai lentamente se convencendo de sua inocência, apoiado pela
sociedade que odiava o velho e suas ações que considera redentoras Pai
Contra Mãe Cândido Neves, caçador de escravos fujões.
Não o é por opção, apenas o é porque
não agüenta qualquer outro emprego. Casa e passa a adquirir dívidas,
com clientela cada vez menor; quando engravida a mulher, as dívidas
aumentam. Depois de despejados vão morar em um quarto emprestado e o
menino nasce. Após ceder às pressões da tia da esposa, Candinho vai por
a criança na Roda dos enjeitados. Mas no caminho captura uma escrava,
recebendo uma gorda recompensa, mantendo assim a criança. Mas a escrava
estava grávida, e provavelmente abortou com os castigos recebidos,
ficando a vida do filho de Candinho em troca da de outra Missa do Galo
Fala de uma singular conversa entre uma senhora de 30 anos e um jovem
17, que tinha que manter-se acordado para acordar o amigo para irem à
missa do galo. Eles conversam, ele apieda-se dela (o marido traía e ela
resignava-se), admira-a e distrai-se. Por fim o amigo lhe chama, já que
já havia passado da meia-noite e ele nunca mais tem outra conversa
profunda com ela.
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