Desfamiliarização/Refamiliarização dos doentes psíquicos
(Margarida Cordo)
-Introdução-Da inserção no meio familiar resulta a segurança de que o indivíduo necessita, o que lhe permite agir e reagir de forma equilibrada. Se o sistema familiar funciona de forma conturbada, com conflitos e indefinição de papéis e de regras, os seus elementos ressentir-se-ão fortemente, manifestando-o, nomeadamente, com sinais de hostilidade e desinteresse, reacções impulsivas e inesperadas, ou qualquer outra forma adaptada para atenuar a insegurança em que vivem. Os sintomas que exibem têm uma função no sistema familiar que pode ou não ser evidente (protecção, controle, etc.). Face à situação “o papel da família é fundamental na solução do problema” (p. 49).-A família em crise-A situação de crise subentende uma transformação para melhor ou para pior, e a doença como crise supõe uma ruptura do equilíbrio instável da família, que pode traduzir-se num equilíbrio duradouro ou provocar a desorganização total do sistema familiar. Com o seu aparecimento, o mecanismo homeostático da família falha e a harmonia anterior não se reestabelece de imediato. O que determina o aparecimento da doença é o desequilíbrio entre os recursos bio-psico-sociais-espirituais do próprio sistema familiar e o modo como é vivenciada a doença; o mais decisivo não é a gravidade objectiva desta, mas sim o que a família vive e sente relativamente ao diagnóstico.-Resumo-Toda a crise familiar produz um aumento de tensão dentro do sistema, tensão esta que se resolve de forma adequada quando o agregado assume a nova situação e aceita de forma coerente as possibilidades e limites ou, de forma patológica, quando rigidifica as relações, cronifica as tensões ou as desloca do sistema para o exterior.
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