O AMOR É O CÉU E O CÉU É O AMOR
(LENITA MIRANDA DE FIGUEIREDO; Folha de S.Paulo)
O AMOR É O CÉU E O CÉU É O AMOR
Tudo nos faz crer que o amor mais simples foi o amor do homem da idade da pedra. Ele escolhia a mulher, corria atrás dela, agarrava-a pelos cabelos e a levava para viver com ele. A escolha era natural, simples, espontanea. Sem todos aqueles aparatos que a sociedade moderna impôs, sem necessidade de pesquisas, dos meios de comunicação de massas e consultas freudianas.
Daqueles tempos até os de hoje o amor continua o mesmo. O que mudou foram os costumes. Antes se escrevia sobre o amor, falando-se simplesmente de ciúmes e infidelidades. Agora tem-se que enfrentar as intermináveis pesquisas de sociólogos, psicólogos, pedagogos, psicanalistas.
A verdade é que ninguém conseguiu ainda definir o amor. Trata-se pois de uma experiência tão pessoal e intransferível como a morte.
Quando Mozart, na opera "O Casamento de Figaro", faz o imberbe e adolescente Querubino perguntar: "Dizei-me, vós que o sabeis: o que é o amor?" - todo o mundo se esgoelou, mas ninguém lhe respondeu a contento. E a característica mais notável a respeito é que todas as respostas discordam uma das outras.
Poetas e filósofos não conseguiram aproximar-se mais do que eles na difícil definição. Platão, por exemplo, sustentou ser o amor uma apreciação da beleza, principalmente da beleza das idéias abstratas e dos conceitos matemáticos. Descartes afirmou que o amor é uma emoção em que a alma é incitada a juntar-se, de bom grado, a objetos que se afiguram agradáveis.
A psicologia e jornalista Carmem Silva analisa o amor à luz da razão, dando à mulher uma condição muito mais importante do que a meramente biológica.
Há quem diga que o amor é a coisa mais sublime que há na terra, enquanto outros asseguram que é um enorme sofrimento. Não admira, pois, que o homem médio não se sinta capacitado a defini-lo e a transmitir suas noções a respeito.
Dante, encerrando sua obra gigantesca, vinca o amor como uma verdade cósmica: "O amor que move o sol e as outras estrelas". O Fausto de Marlow esperou que Helena o tornasse imortal com um único beijo. Mas foi Sir Walter Scott quem resumiu o ponto de vista dos românticos que defendem o amor como força que age e domina a vida dos homens, quando disse:
O amor governa a corte, o campo, o bosque.
E os homens embaixo, e os santos em cima;
Pois o amor é o céu e o céu é o amor.
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