Psicologia Infantil
(Maria João Moura - Psicóloga da área Clinica e de Aconselhamento)
A Psicologia Infantil é uma área que como o próprio nome indica se debruça sobre a criança e o seu funcionamento. É uma área muito vasta que abrange a faixa etária desde o nascimento (ou até desde a gestação), até à adolescência. Para o técnico perceber bem a criança, é necessário que tenha presente as várias etapas do seu desenvolvimento, desde a gestação até à fase “quase” adulta. Durante este processo a criança vai ultrapassar fases nas quais se vai desenvolvendo e adquirindo competências que vão ser essenciais para se tornar num adulto saudável tanto física como psiquicamente, desenvolvendo assim também a sua personalidade.A criança deve ser vista como um todo, emocionalmente e intelectualmente, estando estas duas componentes intimamente interligadas enquanto se vão desenvolvendo. A forma como uma criança desenvolve os seus afectos vai influenciar a forma como se vai desenvolver cognitivamente e o inverso também acontece. Quando uma criança aparenta ter dificuldades de aprendizagem, o técnico não deve cingir-se à avaliação da área cognitiva sem perceber que outros condicionantes possam existir na sua vida familiar, cultural e emocional, que impeçam a criança de fazer uma aprendizagem adequada.
Uma criança que esteja a vivenciar problemas no seu meio familiar, por vezes não se consegue abstrair deles e concentrar-se nas tarefas escolares. O inverso também ocorre, por exemplo, uma criança que sinta dificuldades em aprender, pode começar a sentir baixa auto-estima, que se traduz numa imagem negativa de si própria e isso vir a prejudicar ainda mais esse problema. No entanto, não são só estes dois exemplos que acontecem, a criança que tem problemas familiares que condicionam a sua aprendizagem, e que vão traduzir-se em maus resultados escolares, levam-na também a sentir-se incapaz quanto às suas competências, quer no seu ambiente familiar, quer na escola. Inicialmente é a família e o meio onde a criança está inserida que vai determinar o seu desenvolvimento adequado. Isto pressupõe que na sua vida emocional existam uma figura materna e uma figura paterna e que as relações entre si sejam equilibradas. Para uma boa adequação social é necessário que se dê uma boa integração das regras e limites. Os pais têm que saber dizer NÃO na dose necessária, de forma a que a criança consiga suportar adequadamente a frustração (Strecht, 2005). O pediatra e psicanalista Winnicot, referia que "a mãe deve ser suficientemente boa", quer com isto dizer que os pais devem corresponder às necessidades dos filhos, mas ensinando-lhes que não poderão ter todas as suas necessidades satisfeitas no imediato.É após a entrada para a escola, onde a criança passa a maior parte do tempo, que os problemas vão começar a surgir, com uma sintomatologia especifica em forma de perturbações da aprendizagem e/ou comportamentais e/ou somáticos. É assim necessário que os técnicos de ensino e os pais saibam identificar quais os sintomas e encaminhar a criança para um técnico da área do desenvolvimento infantil.
Em resumo, “o desenvolvimento e a maturação da criança são por si fontes de conflitos que, como qualquer conflito, podem suscitar o aparecimento de sintomas” (Marcelli, 2005), por isso, quer em família, quer na escola, é importante estar-se atento de forma a agir o mais rapidamente possível, minimizando assim probabilidade de evolução para um quadro mais patológico.
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